Em Busca do Novo (Entrevista para a Revista Golf Life)

O consultor de empresas Maurício Moura fala sobre gestão de custos, motivação profissional e da importância da coragem e do espírito de inovação para superar as crises.


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por Fernando Vieira fotos Hamilton Penna

     Gestão empresarial e golfe são tacadas diferentes? Certamente, mas é possível traçar um paralelo com o jogo. Assim como um golfista não vê as falhas em seu próprio swing, e precisa da ajuda de um técnico para identificá-las, o mesmo ocorre com as empresas: é preciso uma análise externa – especializada e isenta – para identificar os problemas que impedem o crescimento. Às vezes, uma pequena mudança pode ser imensamente benéfica para o swing ou para o balanço financeiro da empresa. E assim como no golfe, é preciso estratégia e uma mente preparada para superar obstáculos e obter produtividade e qualidade. Para o consultor Maurício Moura, sócio-diretor da Moura Fernandes Consultoria, além destes importantes fatores, as organizações precisam adequar-se rapidamente às novas realidades e inovações impostas pelo mercado. “O grande desafio do século 21 é estarmos preparados para absorver as rápidas mudanças e incorporá-las de modo eficaz ao nosso cotidiano”, ensina o especialista, que concedeu à Golf Life essa entrevista exclusiva que você lerá a seguir.

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M Moura e Lourdes Ft Vertical Entrevista

GL – Quando e por que as empresas procuram uma consultoria de gestão empresarial? MM – As motivações mais comuns são a melhoria de produtividade, a redução de custos e o aumento de competitividade no mercado. A tendência natural é sermos chamados num momento de crise, quando tudo é mais difícil, e os recursos para investimento são escassos. Normalmente, o empresário sabe o que precisa, mas não sabe como fazer. É quando ele procura um consultor.

GL – Quando termina o trabalho do consultor em uma empresa? MM – Antes era feita a análise e montava-se uma sistemática para que o empresário pudesse gerir seu negócio. Hoje montamos a sistemática, mas vamos gerir juntos. Temos que fazer as coisas acontecerem. Nosso objetivo é oferecer aos clientes resultados positivos em suas gestões, através de soluções inovadoras e de um trabalho consistente.

GL – As empresas ficam satisfeitas com os resultados? MM – Sim, pois nosso grande diferencial é a relação de confiança com nossos clientes, pois eles obtiveram uma significativa melhoria em seus negócios com a implantação da nossa metodologia diferenciada. Não é a redução do custo pelo custo, mas a economia pela simplificação e qualidade dos processos.

GL – Qual é atualmente o maior desafio das empresas? MM – Vivemos numa sociedade dinâmica, instável e evolutiva. Correrá sério risco quem ficar esperando para ver o que acontece. As empresas não podem ser morosas nas suas tomadas de decisão. O desafio é antever o que o mercado está pedindo. A adaptação a essa realidade será, cada vez mais, uma questão de sobrevivência. É comum vermos empresas prósperas sucumbirem por não acompanharem o processo evolutivo.

GL – Dê um exemplo. MM – Temos inúmeros exemplos, como a da empresa Olivetti, que direcionou seus recursos no aprimoramento de seu produto, a máquina de escrever, enquanto o mundo caminhava a passos largos para outro rumo, o dos computadores. Bem, o final dessa incrível falta de visão todos nós conhecemos. Já a IBM, que era um elefante branco, se adequou ao mercado e reagiu. Mas a mudança precisa acompanhar o processo evolutivo.

GL – E como se dá essa transformação de mentalidade? MM – O profissional tem que mudar sua visão de trabalhador para colaborador. Para isso, o nosso primeiro passo é o treinamento motivacional e comportamental. E, normalmente, as grandes idéias saem dos próprios funcionários; idéias que outrora não foram ouvidas pela gerência ou diretor. Se a gerência diz “sim” a uma boa idéia inovadora, ela abre o processo do risco, mas quando diz “não”, ela foge dessa responsabilidade, e a boa idéia morre. É o medo de arriscar, de buscar o novo.

GL – Redução de custos compromete a qualidade? MM – Não deve ser assim. Uma empresa deve ter alta qualidade utilizando racionalmente seus recursos e minimizando suas perdas totais. Não se pode esperar a crise passar para investir em qualidade. A qualidade é, justamente, o único caminho para sair da crise.

GL – Qual o caminho para melhorar o rendimento de uma equipe? MM – O ser humano tem uma imensa capacidade de complicar. É preciso saber trabalhar os egos. É necessário fazer com que todos tenham o mesmo objetivo. A empresa que vai bem é justamente aquela que sabe contratar talentos que são também ágeis e capazes. E claro que é importante deixá-los bem motivados com bons salários e valorização profissional.

 GL – O que se espera de um bom gestor? MM – Se espera uma criatividade e um pioneirismo que não sejam subjugados pelo medo. Um bom gestor não pode ter medo de pedir ajuda, de buscar alternativas, de transformar. Mesmo que a organização não o estimule, ele deve fazer a diferença.

GL – Quer acrescentar algo para finalizarmos a entrevista? MM – Vou citar uma frase do pensador e teólogo inglês William George Ward: “O pessimista se queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas”.

M Moura Entrevista 1