Olhando para o Umbigo

O lucro é condição sine qua non para a existência da empresa”

     Temos a sorte de estar em um país referência em sustentabilidade com franca ascensão aonde a crise ainda não se instalou. Pelo menos, não no mesmo nível que os europeus e americanos. Mas o mundo é globalizado. Não vamos ficar imunes por muito tempo, a não ser é claro que haja uma mudança inesperada, caso contrário vamos entrar no mesmo barco. É lógico que existem segmentos no mercado brasileiro que já se encontram num processo de desaceleração, e isto pode apressar a nossa entrada no “roll” dos países em recessão.

     Sempre ouvi dizer que a crise não é igual para todos. Uns choram pelos seus fracassos enquanto outros lucram vendendo lenços aos não afortunados. Porém, mesmo os que estão vendendo lenços precisam ter preços convidativos, e isto só se consegue se o custo for igualmente convidativo.

       Pensar em redução de gastos é demonstrar fragilidade?

     Houve um tempo que sim. As empresas vistas como sólidas eram aquelas que pagavam salários acima do mercado, que proporcionavam os melhores benefícios a seus colaboradores e não se preocupavam com “besteirinhas” do tipo, a quantidade de fotocópias que eram tiradas, com o custo da jardinagem do escritório, com a conta da energia elétrica e etc. Eram as multinacionais de outrora. Só que tudo isto tem um preço, e este gasto vai para o produto. E quem paga?

     O cliente!

     Hoje, os conceitos mudaram, o cliente exige qualidade, mas principalmente, preço. As empresas estão tendo que rebolar para se adequar a estas necessidades impostas pelo mercado. Reduzir custos deixou de ser moda para ser vital à sobrevivência. Para ajudar os empresários nesta dolorosa missão existem várias metodologias, tais como OBZ – Orçamento Base Zero ou OM – Orçamento Matricial, mas todas estas ferramentas tem como base a decretação. Ou seja, é “de cima para baixo” (manda quem pode e obedece quem tem juízo). A questão é, todos vão comprar esta ideia? Será que terá aderência? Dificilmente.

     Cortar gastos sem embasamento ou sem lastro (por decreto) poderá acarretar gastos maiores do que os benefícios da própria redução em si.

     “Liberar é sempre mais fácil do que restringir”.

     Quando se restringe, o vilão passa a ser você. E muitos gestores acabam cedendo para não ouvir o chororô.

        A Salvação

     Que existe a necessidade de redução de gastos ninguém discute, o problema é como fazer para conquistar a aderência necessária a fim de se manter a economia ao longo dos anos. Onde todos possam participar, mas que fundamentalmente, se comprometam com o desafio. Diante deste quadro, foi desenvolvida uma metodologia que tem como base a participação dos colaboradores no processo direcionado de redução de gastos. Esta ferramenta tem como ideologia reavaliar os processos, eliminando o “piloto automático”. Ou seja, questionar e se perguntar por que fazemos desta forma, será que não existe outra maneira de fazer o que eu faço hoje? Este movimento criado gera inúmeras alternativas (propostas) para reduzir ou mesmo eliminar determinados gastos, criando além da redução dos gastos propriamente, um clima favorável e motivacional, uma vez que os próprios colaboradores vão poder apresentar suas ideias para a direção (de baixo pra cima), e logicamente serem observados e avaliados pelo seu trabalho.

     Esta metodologia, denominada de 3G‘ – Grupo de Gestão de Gastos, tem como alicerce o conceito de que a cada ponto percentual que reduzimos nos custos, aumentamos a lucratividade em uma proporção muito maior. Veja o exemplo abaixo:

     “Se o seu lucro é de 5% tendo um custo de 95, ao reduzirmos este custo para 94 (redução de um ponto percentual), o lucro atingiria os 6%, o que daria um aumento de 20% na lucratividade do negócio!”

     Além dos benefícios da redução dos gastos, esta metodologia propicia diversos ganhos indiretos, tais como:

1. Sair do automático – questionar por que sempre. Nunca deixar que o cotidiano ou a famosa frase “sempre foi assim”, faça parte do dia-a-dia da empresa;

2. Cultura do Resultado – Criar um clima de que o resultado é obrigação de todos e não só dos dirigentes;

3. Métricas (SMART) – Criação de parâmetros para alertar alterações;

4. Oportunidade de Melhorias – As melhorias são oriundas da criatividade e do empenho das pessoas em querer resolver este ou aquele problema. O primeiro passo para isso é saber enxergar os potenciais de melhoria. Desta forma, há a necessidade de capacitar as pessoas envolvidas no processo a enxergar os potenciais e depois, mantê-las motivadas;

5. Trabalho em Equipe – Como esta ferramenta é baseada em formação de grupos de profissionais multidisciplinares (escolhidos para este trabalho), encontramos profissionais de várias áreas, o que facilita o entendimento das dificuldades de cada um no processo vigente;

6. Orçamento – O clima vai estar todo voltado ao gerenciamento dos gastos, o que facilitaria a implementação do orçamento empresarial;

7. Motivacional – Todos tem ideias de melhorias, mas poucas pessoas tem acesso à direção para poder apresentá-las. Com esta metodologia isto será possível e as pessoas não vão perder esta oportunidade;

8. Certezas – Certeza de redução dos gastos? Sim! porque ninguém quer, na hora de apresentar os resultados de seu grupo, dizer que não tem proposta nenhuma. Ninguém vai querer ser “o incompetente”. Diante deste quadro, o resultado é garantido.

Historicamente, este trabalho gera resultados na ordem de 3% a 10% de redução dos gastos. Todavia, já houve empresas que conseguiram arrancar até 18% dos custos operacionais. E o mais importante de tudo isso, sem chororô!

“Não perca a oportunidade de reduzir gastos e ao mesmo tempo motivar as pessoas!”

Nota sobre o Autor: Mauricio Moura é Consultor de Empresas e Sócio- Diretor da Moura Fernandes Consultoria. Graduado em Administração de Empresa com especialização em Processo de Produção.